sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Segmento têxtil de Minas passa por fase de recuperação

Alta do dólar inibiu as importações e favoreceu o setor .
ABIT / DIVULGAÇÃO
Desempenho das empresas até o terceiro trimestre está melhor que em 2012
Desempenho das empresas até o terceiro trimestre está melhor que em 2012
Uma feira de produtos têxteis, especialmente da China e da Índia, aberta na última quarta-feira em São Paulo, provocou protestos de trabalhadores e empresários em repúdio ao aumento das importações, que estaria comprometendo a sobrevivência do setor e gerando desemprego em todo o país. Em Minas, a situação também é preocupante, mas as expectativas são mais positivas, já que de janeiro a setembro os resultados foram melhores do que no mesmo período de 2012, sobretudo devido à desvalorização do real frente ao dólar.

"Em Minas, o momento é de recuperação. Mas a situação ainda é preocupante", pontua o presidente do Sindicato da Indústria de Tecelagem e Fiação do Estado de Minas Gerais (Sift-MG), Fabiano Soares Nogueira, considerando a concorrência enfrentada pela indústria nacional, a alta carga tributária, os custos trabalhistas e a infraestrutura deficitária. Porém, as oscilações do dólar nos últimos meses acabaram por inibir as importações, favorecendo o setor. "Até o terceiro trimestre, o ano foi melhor que no mesmo período de 2012", afirma.

"O que conteve as importações foi a alta do dólar, que chegou a R$ 2,38", diz Nogueira. Mesmo com as oscilações e a atual cotação de R$ 2,17, ainda assim "2013 está melhor do que em 2011, quando o dólar ficou em torno de R$ 1,60". Nessa ocasião, observa, "as importações cresceram de forma absurda, mas já esteve bem pior". Embora prefira não arriscar um valor da moeda que poderia favorecer o setor, ele indica que as projeções para 2014, de que o dólar deve oscilar entre R$ 2,30 e R$ 2,40, "teria um impacto positivo", mesmo que provoque aumentos no preço do algodão e de máquinas.


Nogueira reconhece que o governo federal tem tentado conter essa onda de têxteis importados, por meio de desoneração da folha de pagamentos e também da alíquota de importação, que chega a 34%. No entanto, observa, considerando a alta carga tributária, este incentivo praticamente perde o seu efeito. Segundo ele, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), o PIS e a Cofins, "representam 21,25% do produto cheio, ou seja, sobre o imposto embutido, o que chega a quase 30%", explica.

Na avaliação do dirigente, a considerar a carga tributária, nem mesmo a desvalorização do real pode garantir crescimento para o setor em Minas. "A indústria não vai crescer este ano. Vai ser um período de recuperação", avalia. Segundo ele, neste momento as empresas estão investindo em modernização para garantir aumento de produtividade. O empenho é justificado. Países como Camboja, Paquistão, Bangladesh e China não só oferecem subsídios, como têm uma legislação trabalhista mais flexível e, conseqüentemente, os custos de produção são menores.


ANDRA ROCHADiário do Comércio - 25/10/2013

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